Preços de produtos são monitorados para a Black Friday no Brasil

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Maior data do e-commerce brasileiro tem previsão de recorde de vendas; órgãos de defesa do consumidor pede atenção e faz fiscalização para identificar descontos reais.

Acontece na sexta-feira desse semana o evento que mais movimenta o comércio eletrônico brasileiro no ano. A Black Friday 2014 tem a expectativa de superar pela primeira vez o R$ 1 bilhão em vendas através da internet em 24 horas. Com tanta oferta é necessário que o consumidor fique atento para que o sonho de adquirir um produto não se transforme em problema.

Para organizadores do evento, a Black Friday chega a sua quinta edição no País com mais preparação por parte dos lojistas e mais experiência dos consumidores. No ano passado, a promoção conseguiu amenizar as reclamações que a levaram a ficar conhecidas em 2012 como “black fraude” em razão de casos de “maquiagem” de descontos e outros problemas.

O criador do site blackfriday.com.br, que reunirá ofertas no dia do evento, Pedro Eugênio, disse que o planejamento tem melhorado. “O e-commerce tem esse planejamento cada vez melhor e mais antecipado para oferecer um produto com desconto e uma experiência legal para o consumidor. Cada vez mais as empresas estão amadurecendo para poder dar conta dessa quantidade de acessos”, disse.

Do lado do consumidor, também há amadurecimento. Eugênio explicou que em parte das reclamações em edições anteriores se constatava protestos contra supostos falsos descontos de produtos que sequer estavam listados como integrantes da Black Friday. “Muito dos consumidores no ano passado tinham a sensação de que o Black Friday era na loja inteira. Quando a gente ia ver, esse produto não estava no evento”, disse.

Em 2014, apertou-se o monitoramento de preços na tentativa de identificar falsos abatimentos nos valores dos produtos. Órgãos de defesa do consumidor, sites e aplicativos já estão colhendo dados para atestar descontos e orientar quem pretende antecipar as compras de Natal ou tem aguardado pela data para gastar menos no equipamento desejado.

Entre as principais dicas dirigidas aos consumidores está a pesquisa antecipada. “A primeira orientação é que o próprio consumidor desde já acesse os principais sites, entre em contato com o produto que pretende comprar e verifique qual o preço que está sendo praticado para que se possa constatar se de fato a promoção vai corresponder com o que está sendo anunciado”, disse a assessora executiva da Fundação Procon São Paulo, Andrea Benedetto Arantes.

Andrea informou que o Procon há dois meses já monitora sites com os produtos mais procurados com o mesmo objetivo de verificar se os valores serão substancialmente reduzidos. A assessora ressalta, no entanto, a importância de o consumidor também fazer parte da fiscalização. “O próprio consumidor é o principal fiscal. E já deve começar a fazer a sua pesquisa”, disse.

Oportunidades. Além de órgãos de defesa do consumidor, iniciativas autônomas também tentam facilitar a vida de quem vai comprar na sexta-feira. Esse é o caso do programa “Baixou Agora”, que em gráficos identifica a variação nos preços e aponta as melhores oportunidades para os consumidores.

“A gente tem um histórico de Black Fridays onde vários lojistas aumentavam os preços antes para no dia dizer que deu um grande desconto. Como a gente monitora esses preços todos os dias, a gente vai mostrar se aquele produto está realmente com aquele desconto que o lojista está falando”, disse Patrick Flores, co-fundador do programa, que conta com a adesão de mais de um milhão de usuários.

O site Zoom também oferecerá serviço aos compradores no dia das promoções através de “selos” em produtos que realmente estiverem com descontos “agressivos”. “A expectativa é que esse ano se tenha ainda mais descontos bem agressivos, em relação ao ano passado. Teremos o selo porque é uma maneira fácil e rápida de o usuário identificar o produto”, disse Thiago Flores, diretor-executivo da Zoom.

Flores se mostrou entusiasta da data e espera um engajamento positivo do consumidor brasileiro. “A data realmente chegou no brasil e pode ser que supere as expectativas. O mercado está cada vez mais preparado”, acrescentou.

O mesmo sentimento é compartilhado por Pedro Eugênio, da blackfriday.com.br. “Tem tudo para caminhar para uma melhoria. Não significa que tem coisas que não precisam ser resolvidas, claro que tem. Acho que a gente está seguindo para o caminho correto”, disse.

Resistência. Mesmo com a redução na quantidade na quantidade de reclamações, o evento da próxima sexta-feira ainda é visto com reticência por alguns consumidores que enfrentaram problemas nas edições passadas. Esse é o caso da auxiliar de escritório Maria Del Carmen Anabel Lamas, de 57 anos, que teve de recorrer à Justiça para tentar ser ressarcida após comprar uma geladeira e nunca receber o produto.

Segundo ela, pouco tempo depois da compra o site desapareceu e o telefonemas não eram mais atendidos. “Como não tenho experiência na compra pela internet, pedi ajuda para a minha filha, que está acostumada a fazer compras pela internet, mas nem ela percebeu o golpe. Duas semanas depois, liguei para o site e ninguém atendia. Não tinha o endereço na página e o site desapareceu depois”, disse Maria. Ela foi ao Juizado de Pequenas Causas para tentar conseguir de volta os R$ 570 pago pelo produto que não recebeu, o que ainda não aconteceu.

A má reputação criada afasta também a fisioterapeuta Célia Regina Gazote Debessa, de 56 anos, de comprar no dia do evento. Acostumada a aproveitar as promoções do Black Friday americana, ela se diz desanimada com a versão brasileira. “Escutei um monte de coisas, de que os descontos eram falsos, que estavam maquiando os preços, que aumentavam o valor um dia antes para baixar no dia. Você acaba desanimando. Hoje acho que as pessoas estão mais comedidas na hora das compras”, disse.

Fonte: Estadão

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